Leão          ~ Santo Inácio ~

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

1° - Qual a origem etimológica do termo cidadania?
A palavra "cidadão" começou por significar "habitante de uma cidade". Com o tempo adquiriu significado mais amplo. Hoje é cidadão todo aquele que pertence a um país com leis que protegem as pessoas, onde as pessoas têm deveres para com a organização do país, e usufruem dos direitos que um país politicamente organizado proporciona aos seus cidadões

2º- Qual a diferença entre cidadania e direitos humanos?
Como sugere o tema deste painel, as discussões sobre direitos humanos costumam estar articuladas com debates relativos a questões de cidadania, especialmente se tomarmos como referencial privilegiado a versão moderna da discussão, a partir da "Bill of Rights" Inglesa de 1689, da Declaração da Independência dos EUA em 1776, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França em 1789 ou da Declaração Universal dos Direitos do Homem proclamada pela Organização das Nações Unidas em 1948. Neste sentido a noção de direitos humanos remete a idéia de direitos civis (Downing & Kushner, 1988) que, por sua vez, está freqüentemente associada às idéias correlatas de direitos políticos e de direitos sociais2. Poder-se-ia dizer que, se os direitos humanos remetem, inicialmente, a uma concepção onde o mundo está dividido em Estados-Nação que devem respeitar os direitos de seus cidadãos, sugere também a idéia de uma cidadania mundial que seria consubstanciada na institucionalização de direitos universais, compartilhados por todos os cidadãos do mundo.

3º- Qual a relação entre os estudos de T. H. Marshall e a compreensão da cidadania?

Aspectos teóricos mais relevantes considerados por T. H. Marshall, a saber, a
tensão existente no próprio conceito entre os princípios de direitos iguais e a
desigualdade contida na ordem capitalista. Finalmente, coloca-se a questão se
se pode inferir, no caso do Brasil, a inexistência, do ponto de vista das classes
dominantes, de um cálculo ou até mesmo de uma preocupação sobre o quanto
de desigualdade seria tolerável como parte da construção da nação.

4º- Podemos estabelecer alguma relação entre cidadania e movimentos sociais? Justifique sua resposta...
Em primeiro lugar, o fato de que ela deriva e portanto está intrinsecamente ligada à experiência concreta dos movimentos sociais, tanto os de tipo urbano - e aqui é interessante anotar como cidadania se entrelaça com o acesso à cidade - quanto os movimentos de mulheres, negros, homossexuais, ecológicos etc. Na organização desses movimentos sociais, a luta por direitos - tanto o direito à igualdade como o direito à diferença - constituiu a base fundamental para a emergência de uma nova noção de cidadania.Em segundo lugar, o fato de que, a essa experiência concreta, se agregou cumulativamente uma ênfase mais ampla na construção da democracia, porém, mais do que isso, na sua extensão e no seu aprofundamento. Nesse sentido, a nova noção de cidadania expressa o novo estatuto teórico e político que assumiu a questão da democracia em todo o mundo, especialmente a partir da crise do socialismo real.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Movimento Social




  • O que é movimento social?

Movimento Social é a reunião de pessoas que se põem em movimento pela conquista de algo. Em sua concepção política, movimentos sociais são compostos pelo povo, normalmente excluídos de algum direito. Os sem-tetos lutam por teto, desempregados por trabalho, etc.


Porém, após essa união, as pessoas organizadas em um movimento passam a compreender, que não adianta apenas a sua luta específica. Que sua vida não irá melhorar com a conquista apenas do teto ou da terra. Por isso, normalmente os movimentos sociais tentam convencer a população da importância de sua luta e se solidarizam com outras lutas.



  • Quais os elementos constitutivos do movimento social?


Um movimento social tem suas caracteristicas e dentre elas: é um conjunto idéias que visa alcançar o bem comum de uma sociedade. Le Play, sociólogo francês, acreditava que para a construção de uma sociedade, melhor desenvolvida, era preciso que a familia fosse o alicerse de uma sociedade. Dando ao individuo o suporte necessário para que ele se inserisse numa sociedade justa.
Os movimentos surgem por uma necessidade ideológica de construção de uma sociedade mais justa e mais humana, dentro de um contexto histórico. Os movimentos mais comuns e que são conhecidos, foram o movimento comunista, criado por Marx com a idéia de igualdade dentro para todos, e no ambito religioso encontra-se a Teologia da Libertação, que adota o pensamento de Marx, mas de forma religiosa e surgem lideranças que buscam espaço na sociedade com seus movimentos agrarios e reformas constitucionalistas.

Os movimentos sociais ajudaram no desenvolvimento de um mundo mais claro e politico. Sem duvida gera uma nação mais esperançosa e mais feliz.




  • Quando começou o movimento operário e a qual ideologia político-filosófica ele está mais vinculado?

Definição: É um conjunto de atividades para alterar a ordem social e política, buscando assim melhorias nas condições de vidas da população operária e proletariado.


O homem sempre teve costume de impor condições sobre outros homens, isto ficou evidente com a revolução industrial.Até então, a força que movia o capital era o trabalho produzido pelos homens, mas logo começaram a ser substituídos por máquinas e a exploração ficou mais evidente ainda. Houve aumento nas cargas horárias de trabalho, inclusão de mulheres e crianças nos trabalhos. No final do século XVIII, começa-se a ter indícios de insatisfação por parte dos operários, pois as máquinas tomaram o lugar daqueles que durante anos dedicaram trabalho e suor para garantir sua renda familiar. Estas mudanças provocam desemprego e uma grande queda na sociedade operária, deixando mais nítida a diferença entre as classes sociais da época. Surgiram então, grupos operários organizados para lutarem contra estas condições desumanas, dando origem posteriormente a sindicatos trabalhistas, partidos políticos, que tem como principal objetivo, reorganização social, política e econômica para melhora as condições dos operários e proletariados.No século XIX, fica então marcado o surgimento do movimento operário.




  • No pensamento de Marx e Engels qual o papel do Estado nas relações sociais?

Pode-se dizer que o pensamento de Karl Marx (1818-1883) foi desenvolvido fundamentalmente a partir de seus estudos sobre as três tradições intelectuais já bem desenvolvidas na Europa do século XIX : a filosofia idealista alemã de Hegel e dos neohegelianos, o pensamento da economia-política britânica e a teoria política socialista utópica, dos autores franceses. A partir desse postulado, este trabalho se propõe a analisar a maneira como tais desenvolvimentos do pensamento científico-filosófico europeu foram apropriadas ao materialismo histórico, caracterizando-as, ainda que de forma sucinta, para uma melhor definição do contexto intelectual da vida desse pensador que, embora muito revisado e criticado atualmente, permanece como elemento científico que influenciará muitas das idéias "modernas", tanto no campo da filosofia, como nas áreas de ciências humanas e artes.





  • Dê exemplos de novos movimentos sociais.

- Movimento Feminista


- Movimento Sem Terra


- Movimento Estudantil


- Movimento Hippie

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman, o pensador da globalização individualizada











Tudo isto a propósito da tradução para português de Portugal (para o Brasil já fora traduzido há séculos, por Jorge Zahar Editor, vd. artigo analítico de Daniel Soczek aqui) dum dos últimos livros do sociólogo polaco Zygmunt Bauman (n.1925), um dos grandes pensadores actuais das vivências sociais sob a globalização e, em particular, das consequências das representações sobre a convivência urbana. O medo social como escapatória para o interelacionamento social, o individualismo como único refúgio, é uma das teses principais da sua obra seminal, Modernidade líquida, or. 2000, Polity Press.
É um post pertinente, não só pela síntese divulgativa que faz mas, sobretudo, pelo sentido de oportunidade que almejou, ao remeter para as implicações sociais das opções políticas em matéria de Segurança social.
Vale a pena atentar nas ressonâncias plurais, mais do que proféticas, do
pensamento de Bauman, como nesta passagem em que retoma Herbert Sebastian Agar (A time for greatness, 1942): "«a verdade que torna os homens livres é, na maioria dos casos, a verdade que os homens preferem não ouvir»" (Modernidade líquida, Rio, Zahar Ed., 2001, p. 26). Indo mais além, Bauman interroga-se sobre os benefícios da liberdade, revendo toda uma galeria de autores até chegar a Émile Durkheim e à sua "filosofia social compreensiva": "«O indivíduo se submete à sociedade e essa submissão é a condição de sua libertação. Para o homem a liberdade consiste em não estar sujeito às forças físicas cegas; ele chega a isso opondo-lhes a grande e inteligente força da sociedade, sob cuja proteção se abriga. Ao colocar-se sob as asas da sociedade, ele se torna, até certo ponto, dependente dela. Mas é uma dependência libertadora; não há nisso contradição»" (ibidem, p. 27).









Questões









  1. O que são inquietações existenciais?






  2. Qual o paradigma de certeza na sociedade moderna?






  3. O que justifica a descartabilidade na sociedade moderna?






  4. Somos modernos ou semi-modernos?






  5. Pontos que solucionam o capitalismo nos dias atuais.






Respostas













  1. A grande arte, aquela não contaminada pelo mercantilismo ou por personalidades pueris, pequenas, expõe de forma profunda os pensamentos, sentimentos e inquietações sobre a nossa existência. Por este motivo, penso eu, a Psicologia deve estar atenta à arte, pois assim captará os movimentos, dramas e reflexões sobre nossa sociedade contemporânea.






  2. Na caracterização do mundo moderno como "sociedade do conhecimento e da informação", marcada pelos efeitos da globalização dos meios de comunicação de massa, parte-se do princípio de que, por um lado "todas as informações aparecem contextualizadas", mas por outro lado "oferecem a possibilidade de um modo diferente de olhar. Nada mais é estabelecido por si mesmo. Tudo parece estar à mercê da comparação com outras possibilidades" (Luhmann 1997, p. 17). Essa tendência leva à conclusão de que cada pessoa tem de se conscientizar da responsabilidade que tem para consigo e, assim, procurar "encontrar possibilidades de se orientar em si própria sob essas condições" (idem). As mudanças sociais, portanto, levam inevitavelmente a uma crise do paradigma do conhecimento tradicional, tecnocrata e behaviorista, que durante muitos anos dominou mundialmente a construção de planos de ensino e currículos das escolas. Sobre essa questão, vale destacar a interpretação de Therrien (1996, p.129) sobre as mudanças na relação entre trabalho e conhecimento:
    A complexidade de situações nas quais atuam os trabalhadores interativos os exclui das regras programadas e estreitas da tecnologia científica sustentada pela razão instrumental. Estes trabalhadores detêm um espaço de autonomia inerente à sua identidade. A tensão entre a razão instrumental e a razão comunicativa, discursiva, delimita o espaço do trabalhador interativo abrindo portas para a crítica da ciência formulada por alguns pós-modernistas, tais como Lyotard e Habermas. A organização do trabalho interativo não pode, portanto, pautar-se na mesma racionalidade da razão formal.






  3. O caráter marcadamente individualista e mercantil da modernidade moderna propiciaram a instauração de uma dinâmica onde o consumismo e a descartabilidade são os principais protagonistas.
    Autores como Sombart e Bataille, privilegiam uma análise focada no consumo e não na produção, para ressaltar a importância histórica da função social da despesa improdutiva. O vínculo, entre riqueza e despesas improdutivas para a coletividade, foi rompido quando esta última foi colocada sob o crivo exclusivista com a priorização da aquisição e da produção racional utilitarista. O início desse processo se refere a uma época que primava por um estilo de vida luxuoso e hedonista, que adquiriu uma forte conotação mercantil e individualista com a ascensão da burguesia.
    E d
    esde então, se instaurou uma valorização social do consumo, que contemporaneamente moldou uma identidade de modismos descartáveis para o homem moderno, que tem como locus de vida locais protegidos das desigualdades sociais que lhe são associadas – shopping centers, condomínios. Mas a descartabilidade gerada pela propagação desse modo de vida pelo mundo extrapolou os objetos materiais, e acabou atingindo o próprio ser humano. Para suportar o sofrimento de ser reduzido a uma mercadoria descartável, o homem moderno passou a utilizar mecanismos culturais analgésicos - insustentáveis a longo prazo. Um desses mecanismos, a substituição de experiências autênticas pelo consumo de necessidades artificialmente produzidas, transformou o homem em um ser inabilitado frente aos desafios do mundo porque dependente do consumo de serviços especializados e inovações tecnológicas. E o outro mecanismo é a crescente virtualização do real, ou a hegemonia de uma “realidade mediada”, que insensibilizou o homem das injustiças geradas por uma sociedade consumista excludente, através do distanciamento de imagens e de um enorme volume de informações descontextualizadas apresentadas pela mídia e pelos especialistas a seu serviço. Ambos os mecanismos são fornecidos e legitimados pela aliança que se estabeleceu entre the big science, o espetáculo e o mercado para banir a ética da relação dos seres humanos com seus semelhantes e o meio ambiente, instituindo uma visão de mundo e de homem excludente, individualista, consumista e, sobretudo, insensivelmente descartável...






  4. A resposta é sim se comungamos essa angústia, essa frustração frente aos sonhos idílicos da modernidade. Quem diria que a revolução russa terminaria em gulags, a chinesa em capitalismo de Estado e tantos partidos de esquerda assumiriam o poder como o violinista que pega o instrumento com a esquerda e toca com a direita?
    Nenhum sistema filosófico resiste, hoje, à mercantilização da sociedade: a arte virou moda; a moda, improviso; o improviso, esperteza. As transgressões já não são exceções, e sim regras. O avanço da tecnologia, da informatização, da robótica, a gloogletização da cultura, a telecelularização das relações humanas, a banalização da violência, são fatores que nos mergulham em atitudes e formas de pensar pessimistas e provocadoras, anárquicas e conservadoras.
    Na pós-modernidade, o sistemático cede lugar ao fragmentário, o homogêneo ao plural, a teoria ao experimental. A razão delira, fantasia-se de cínica, baila ao ritmo dos jogos de linguagem. Nesse mar revolto, muitos se apegam às “irracionalidades” do passado, à religiosidade sem teologia, à xenofobia, ao consumismo desenfreado, às emoções sem perspectivas.
    Para os pós-modernos a história findou, o lazer se reduz ao hedonismo, a filosofia a um conjunto de perguntas sem respostas. O que importa é a novidade. Já não se percebe a distinção entre urgente e importante, acidental e essencial, valores e oportunidades. A estética se faz esteticismo; importa o adorno, a moldura, e não a profundidade ou o conteúdo. O pós-moderno é refém da exteriorização e dos estereótipos. Para ele, o agora é mais importante que o depois.
    Para o pós-moderno, a razão vira racionalização, já não há pensamento crítico; ele prefere, neste mundo conflitivo, ser espectador e não protagonista, observador e não participante, público e não ator.






  5. Além da coerção e a violência, a sociedade capitalista lança mão de uma ideologia destinada a conseguir a dominação consentida da burguesia sobre as classes subalternas. As sociedades anteriores inscreviam as relações de classe em sua constituição; a sociedade burguesa as escamoteia atrás das idéias do 'bem comum' (Commonwealth), interesse coletivo, liberdade e igualdade (apoiada na igualdade formal) entre os indivíduos da sociedade que então são induzidos ao comportamento racional. A forma política precípua da sociedade burguesa é a democracia, que em épocas de crise e fallhas no domínio da ideologia pode se transformar em ditadura.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Luta Social





A luta social é muito frequente atualmente, e muito semelhante a teoria de Darwin em relação a sobrevivência dos seres, o mais forte mantinha dominio sobre o mais fraco, é o que acontece com a sociedade diariamente.

Na luta de classes o mais forte é o rico, aquele que tem poder de tomar decisões sobre os mais fracos, que são os pobres.

Darwinismo Social


Darwinismo social foi muito usado por Richard Hofstadter e, geralmente, os criticos estão usando do que os defensores. Sua origem teve na teoria da seleção natural, que fala dos diferentes especies de seres vivos através do processo de evolução. Existiriam características biológicas e sociais que determinariam que uma pessoa é superior à outra e que as pessoas que se enquadrassem nesses critério seria mais aptas. A pobreza pós-revolução industrial, sugerindo que os que estavam pobres eram os menos aptos e os mais ricos que evoluíram economicamente seriam os mais aptos a sobreviver por isso os mais evoluídos, isso era o pensamento de Charles Darwin.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O que é Sociologia?









A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.






- Fato social x Ação Social?






Segundo Durkheim o fato social é o objeto de estudo da sociologia, de modo que o mesmo exerce sobre o indivíduo uma força externa de coerção, a qual é imposta ao indivíduo através de um conjunto de normas de uma determinada sociedade. Ele ainda afirma que os fatos sociais devem ser tratados como coisas, porque eles são produtos objetivos criados pela consciência coletiva dos sujeitos sociais. Opondo-se a Durkheim, Weber afirma que o objeto do estudo sociológico seria a ação social, pois, para este autor, a ação social traria um sentido atribuído a ela pelos sujeitos sociais, além de apresentar significados culturais dos fenômenos, os quais Weber denominou como tipos ideais. Segundo este autor, os tipos ideais deveriam ser compreendidos de forma objetiva demonstrando que a ação social apresenta características distintas, regulares ou não, de acordo com o sentido que cada indivíduo percebe a sua conduta e entende a sua estrutura inteligível.
















segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"Jogados no mundo somos um nada"





Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de tudo, livre. O homem é livre mesmo de uma essência particular, como não o são os objetos do mundo, as coisas. Livre a um ponto tal que pode ser considerado a brecha por onde o Nada encontra seu espaço na ontologia. O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo.


O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento sartriano e como que resume toda a sua doutrina. Sua tese é: a liberdade é absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim, ele recusa Deus e inverte a tese de Lutero; para este, a liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê. Mas como deus não existe, a liberdade é absoluta. E recusa também o determinismo materialista: se tudo se reduzisse à matéria, não haveria consciência e não haveria liberdade. Qual é, então, o fundamento da liberdade? É o nada, o indeterminismo absoluto. Agora entende-se melhor a má fé: a tendência a ser termina sendo a negação da liberdade. Se o fundamento da consciência é o nada, nenhum ser consegue ser princípio de explicação do comportamento humano. Não há nenhum tipo de essência - divina, biológica, psicológica ou social - que anteceda e possa justificar o ato livre. É o próprio ato que tudo justifica. Por exemplo: de certo modo, eu escolho inclusive o meu nascimento. Por que? Se eu me explicasse a partir de meu nascimento, de uma certa constituição psicossomática, eu seria apenas uma sucessão de objetos. Mas o homem não é objeto, ele é sujeito. Isso significa que, aqui e agora, a cada instante, é a minha consciência que está "escolhendo", para mim, aquilo que meu nascimento foi. O modo como sou meu nascimento é eternamente mediado pela consciência, ou seja, pelo nada. A falsificação da liberdade, ou a má fé, reside precisamente na invenção dos determinismos de toda espécie, que põem no lugar do nada o ser.